5 anos!



5 anos de uma vida com outro sabor. Não fico falando sobre isso sempre, que pode soar clichê, mas nessas datas especiais eu ressalto o quão grata sou por que hoje vivo com gosto.

Às vezes parece que faz tanto tempo, às vezes parece que foi ontem. 5 anos que conto um a um com gratidão e reverência, que eu aprendi que a vida não é coisa dada e banal, é benção e frágil.

Você já se viu prestes a perdê-la?
Isso muda tudo.

Uma amiga falou que admira essa característica que tenho de me envolver de verdade com minha própria vida, levar a sério a experiência de estar viva. Achei bonito. Achei real. É isso.

Foi ontem, dia 7, que fez 5 anos da mastectomia. O dia que mais senti medo na vida. Todo ano o medo do medo volta quando chega essa época, junto de uma satisfação imensa, afinal tenho permanecido, e como eu amo viver.

Eu não postei nada antes que eu tava ocupada sendo feliz, na companhia de outras mulheres incríveis que tenho comigo há tanto, amigas irmãs. Numa paisagem fantástica, num solo sagrado chamado Bahia, nós com saúde pudemos celebrar, em meio a uma pandemia, tomando precauções mas nos permitindo. Somos 3 sobreviventes, foi importante. Inesquecível. A vida é mesmo muito generosa comigo, que privilégio.

Tinha bolo que fizemos, tinha brinde, sorrisos, dança e muito amor, estávamos na Ilha dos Desejos e eu, na hora de fazer os meus, senti intimamente muito mais vontade de agradecer do que de pedir. O que mais posso querer, depois que senti na carne o que é o medo de "talvez não mais", a gratidão de "ainda sim", a alegria do "enquanto dure", e renasci dentro de uma mesma existência? Esse despertar já é a maior das recompensas.

Vida-morte-vida, nem a primeira nem a última vez, mas tão decisiva. Quero viver muitos e muitos anos, quero esquecer do câncer, mas não desencantar jamais. Foi dolorido e triste, mas trouxe luz e clareza, e essa chama segue acesa.

 

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